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Minha vida, na outra vida (Yesterday´s Chindren)

Minha vida, na outra vida (Yesterday´s Chindren)

Depois da mãe expectante Jenny Cole (Jane Seymour) começar a ter estranhos sonhos de um tempo e local distantes, ela descobre que ela tirou fotos de uma configuração semelhante quando era criança. Ela finalmente percebe que as visões são de uma pequena cidade da Irlanda durante a década de 1930, e começa a se perguntar se ela é a alma renascida de uma mulher chamada Mary Sutton, que morreu lá durante o parto. Jenny pega seu marido (Clancy Brown) e filho (Kyle Howard) e vai para a Irlanda.

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Minha vida, na outra vida (Yesterday´s Chindren), é inspirado na história real de Jenny Cockell, registrado no livro autobiográfico, cujo nome é o mesmo do filme. Descreve a história de uma mulher que aos 42 anos, casada, mãe de um jovem de 17 anos que pretende, no ano seguinte, ingressar em um curso universitário longe de sua residência, descobre-se grávida de poucas semanas, e intrigada, num primeiro momento, por sonhar recorrentemente com uma família irlandesa. Estes sonhos, como são inicialmente chamado por Jenny, ganham autonomia e passam a interferir direta e indiretamente em sua vida pessoal e profissional, e conseqüentemente, também na vida de sua família.

O filme aborda o tema reencarnação, assim como, acessos a vidas passadas, inclusive com orientação de terapia especifica. Entretanto, nossa abordagem não se restringirá a defesa desta idéia, mas sim de que há grande gama de elementos e recursos em prol do processo de individuação. Portanto, não importa o nome que se dá: lembranças de vidas passadas, existências anteriores, espíritos, personalidades dissociadas ou associadas, este último conforme conceitos apométricos, ou complexos autônomos do inconsciente coletivo, como se refere Jung. O fato é, existem elementos, com mais ou menos autonomia, capazes de interferir direta e/ou indiretamente na vida do individuo, e tanto mais fácil e ostensiva são estas interferências, quanto maior a ignorância e/ou negligencia do mesmo, em relação às possibilidades destas ocorrências.

A obra cinematográfica em questão, apresenta tantos elementos importantes que fica difícil elencar o mais significativo. Mas sem dúvida trata-se de um processo bem sucedido, ao menos pelo que tivemos acesso pela história apresentada. Onde Jenny, por merecimento e prontidão conclui as etapas alquímicas de seu processo de individuação de maneira satisfatória e salutar. Isto não significa dizer que não houve dores, sofrimentos e dificuldades, mas significa que conquistou massa critica de qualidade e valor agregado, que certamente revertem em recursos para as próximas empreitadas alquímicas de seu processo de individuação, que como sabemos, é sempre, continuo. Tendo em vista, que os resultados adquiridos, também, revertem benefícios para as pessoas a sua volta. Entretanto, se Jenny e os envolvidos, mesmo tendo merecimento, não tivessem prontidão, negligenciando o chamado do self, no mínimo, poderia ter estabelecido um conflito de relacionamento mais sério com o filho Kevin, agindo de forma possessiva e arbitrária; poderia ter estabelecido outros conflitos com Doug, seu marido, no que tange seus constantes atrasos e ausência no âmbito profissional; poderia ter estabelecido um quadro psicossomático, em função das invasões dos complexos autônomos do inconsciente coletivo, pondo em risco sua gestação, e até sua própria vida; poderia não ter participado dos processos de individuação de Sonny e dos outros filhos de Mary. Enfim, tantas outras não possibilidades e/ou possibilidades diferentes.

É imperativo que estejamos atentos para as movimentações à nossa volta, e principalmente para as movimentações em nosso interior. É vital que aprendamos a nos observar, percebendo o que; como o que; e com quem, estamos nos identificando. Sem culpas ou preconceitos, mas de forma honesta e verdadeira, na medida; no tempo; na capacidade; e na possibilidade que estejamos aptos, a dar os passos seguintes, em prol de nosso processo de individuação. Tendo em vista que, temos livre-arbítrio, mas cientes que esta liberdade de escolha é sempre relativa à nossa realidade.  E que, por conseguinte, quando estagnamos por livre escolha, é inevitável que o self se manifeste, muitas vezes, para nossa atual e limitada percepção, de forma violenta e avassaladora.

Portanto, podemos fechar os olhos, os ouvidos, a boca, o coração e todas as nossas outras percepções extra-sensoriais, para a infinidade de fenômenos acontecendo, muitas vezes ao nosso lado, com terceiros ou ainda, outras vezes conosco mesmo. Podemos ainda, além de ignorar, ridicularizar ou mesmo atacar e agredir. Mas, isto não resolve nossas pendências e dificuldades, só atrasa e reprime conteúdos passiveis de reelaboração, resignifação, remodelação, e tantos outros renascimentos, mas que traz como condição preponderante, as efetivas e necessárias mortes simbólicas. Porque o self, continuamente, nos obriga a lidarmos com o processo de individuação, seja por meio de sonhos, sincronicidade, criatividade ou sintomas. Desta forma, o ego sempre é convidado a visitar o passado e o futuro, o interno e o externo, o imanente e o transcendente.

Reafirmo que pouco importa o nome que se dê, aos desencadeadores de nossas mazelas, assim como pouco importa, desde que, de forma ética, os recursos que se utilizem para dar seqüência às etapas alquímicas em nossos respectivos processos de individuação. Entretanto, quanto mais negligenciarmos e/ou optarmos por permanecer inerte, por preguiça mental e/ou de qualquer outra ordem, mas arcaremos com o peso de nossa ignorância, medo e/ou condicionamentos.

Finalizo esta argumentação, desejando que todos despertem de forma atuante, para seus respectivos processos de individuação, e que de alguma maneira, o estudo apresentado possa colaborar e motivar investigações pessoais internas, quanto à presença dos complexos autônomos do inconsciente pessoal e coletivo, com os quais, eventualmente e/ou provavelmente, estejamos identificados, evitando assim, as invasões deliberadas. 

Fonte: https://psicoterapiajunguiana.com/filmes/minha-vida-na-outra-vida-yesterdays-chindren/

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